domingo, 27 de dezembro de 2009

INSÔNIA


Acho que nunca mais vou dormir...
É desesperador...
Há algumas semanas que não sei o que é mergulhar em noite de sono...Pesadelos, sobressaltos, inconstância...Mas nos ultimos três dias se intensificou...
Horrível...Tô aqui insone e mal humorado...
Tento não pensar em nada nessas horas depois da insônia(ou durante)...minha percepção se altera, meu humor vira fel e o drama ganha casa...
No espelho, se insone, me engordo.Se amo, na hora essa, odeio. Enfim...Preciso dormir de novo...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Pois é... hehehe


A beleza que eu nuca sonhei...mesmo



Presenteou-me com cheiro
Deu-me de todo tempero
Toda cor me ofereceu

Cobriu com fino tecido
Meu corpo tão carecido
Desse carinho só seu

Contou-me lindas histórias
Cantou as belas memórias
De seu álbum de canções

Entoou todas pra mim
Fez a noite não ter fim
Gravou no meu coração

O nosso amor é bonito
Trouxe sossego divino
Teu aconchego eu, menino, aceitei

E esse amor de varanda
Rede luar e ciranda
Tem a beleza que nunca sonhei
(ela tem a beleza que nunca sonhei) 2x

la ra ra, ra ra, ra ra
la, ra ra

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Necessidade da Pausa ou o Retorno ao Delicado


A escrita sempre. A escrita e seus retornos. A escrita e a busca. A escrita e o exame de si.
Aqui , na noite do lá fora , escrevo. Escrevo para mim palavras que poucos olhos haverão de encontrar. Queria escrever sobre relevâncias: arte, música, filosofia, amor. Mas ando de margens. É que o tempo em que tenho habitado é o da mudança, onde o movimento reserva pouco tempo para a pausa. Pausa como esta que me presenteio agora...
As coisas estão passando e mudando. Algumas por reação dos meus movimentos e vontades, outras por que se movem por si na ciranda do fluxo do vivo.
Pessoas, lugares e sensações sentam-se do meu lado no escuro da sala onde a escrita nasce. Suas vidas,vozes e rostos. Vozes de quem não vejo, porque o tempo me esmaga, presenças que escuto porque habitam os lugares que não têm mais volta. Não se pode fazer uma vida assim.
Estas presenças e ausências se mesclam nas minhas dúvidas diante do todo, dúvidas que aprendi a compor sem medo. Mas ando precisando reverter este jogo.
É que acho que ando precisando me investigar de novo. Por isso, a escrita. Tenho medo do endurecimento. Medo de perder uma conexão com as coisas que não se explicam e onde, acho, residiu sempre o milagre das minhas conquistas nas várias vidas que tive nestes anos em que estou vivo. Não posso, não ouso perder o contato com as delicadezas.
Esse lado mágico e escuro me pariu artista. Este artista que me deu olhos em corpo. Ele é a usina. Por isso a solenidade de reconhecer que minhas pausas para escritas, pausas como essa, mesmo quando não chegam a tocar na universalidade dos grandes temas me harmonizam comigo e com o universo que está aqui, agora.
Para aumentar estas pausas e trazê-las de novo para o cotidiano é que estou em reforma de tudo. Vou parar o que pode ser parado para não perder as delicadezas e os mistérios. Já disse: preciso delas para poder continuar... Não há energia se apago minha usina.
Ando querendo desenhos novos, mas antes preciso rever antigos rabiscos para entender de onde vêm as minhas grafias. As grafias do meu desejo que se andaram empalidecendo na falta da pausas. Falta que se plasmou em silêncio de escritas e em desvios de sonhos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Palavras que não encontrarão destino


Agora são necessárias muitas chuvas, muitas estrelas, muitas luas e muitos sóis para ir e voltar. E isso é o tempo.

Caio Fernando Abreu


" E eu no ar...?!
Será? Acho melhor não!!!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Saudade dela... ou Para a parte encantada de mim



Na música da Bethania achei de novo um sentimento de mim...
Agora ela canta minha saudade de ti...
Uma água aqui no rosto...
Vendo uma aula da bethania, lembrei das tuas, dos teus movimentos, dos teus gestos, dos teus mundos que balançavam no vento do teu vestido...
Saudade de ti...Vazio que restará para sempre...


SAUDADE DELA

Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso
Autores: Roberto Mendes e Nizaldo Costa


Ai ai saudade, saudade dela
Ela se foi, saudade, fiquei sem ela
Fonte de sabedoria, onde tudo podia achar
Todo canto matriz da gente do meu lugar
Quando eu era canarinho ela existia sabiá
Hoje canto sozinho, e dela sempre vou lembrar

Do nosso convívio saiu, já se dizia cansada
Deixou um largo sorriso e um doce canto de paz
Foram tantas alegrias servidas naquele prato
Mistura de amor e poesia em mesa de luxo

Dona da casa, me dá licença
Meu samba na varanda
Com chapéu na cabeça e facão de banda
Dona da casa, me dê licença
Me dê seu salão para vadiar

Eu vim aqui foi pra vadiar
Ladeia, ladeia, ladeia
Ladeia, pomba na areia

sábado, 31 de outubro de 2009

SOBRE OS 29 OU DE COMO ME TORNEI UM HOMEM.


Escrever para organizar. Minhas escritas sempre surgem para presentificar. Para tornar palpável, vivo, orgânico. Minha escrita nunca aprisiona, fujo das prisões.Tento ao menos.
Os sentidos e os sentires da minha escrita no mundo se fazem objeto na ponta dos meus dedos. Minha pintura, meu desenho, minha gravura. Minha representação.
Uma narrativa inventada, um retrato, um momento.
São percepções que se alinham. Sentires que se fazem carne nas entranhas das palavras.
Cá estou eu de novo! Talvez para fotografar este instante de paz em meio à agitação da vida. Essa vida que por vezes é mar lançado nas pedras, por vezes água calma que espelha o mundo em rio calmo.
Cheguei aos 29. Aquele das mudanças, aquele dos planetas que se movem , segundo a astrologia. Dizem que aos 29 tudo muda e a gente se faz parir de novo.
Talvez seja. Durante muito tempo estas crenças foram fantasmas que me assombraram. O medo da mudança me ronda, mesmo que eu não a impeça, mesmo que eu já tenha secretamente aprendido a conversar/viver com ela.
Sou um Homem agora. O menino está aqui. Presente, cheio de dúvidas, medos e ansiedades descompassadas. Mas tem um homem com ele. Um homem que constrói a vida a medida que ela se apresenta. Que inventa a vida a partir da suas vontades possíveis.
O que antes era prodígio agora é dever, obrigação. Mas não é pesado. Por enquanto é novo, é acomodar-se.
Afinal, foram 29 anos para se ver. 29 anos para caminhar até aqui e saber que passos se apagam a medida que são feitos, mas as pernas guardam na memória do músculo a força empreendida na caminhada. Aprende-se (um pouquinho) como medir a força, como examinar a distância. Cheguei a um lugar. Se o lugar é aquele espaço conhecido, repleto de memórias, achei um lugar. Mas não esqueci que essa plataforma que estou hoje, desaba amanhã e me joga de novo no desconhecido. Ser homem, adulto, talvez seja isso. Entender que a vida é um fio tênue por onde se trilha e as quedas , parte contínua do andar sobre os abismos.
29 anos para descobrir que beleza é uma invenção mutante e que, portanto, para ser bonito, basta ser criativo e saber se inventar da maneira correta.
Sei que hoje ando “me sentindo”, como se diz por aí, nas invenções e subversões fantásticas que o português nos permite.
“Me sentindo”, vivo. Me sentindo: vivo. Aprendi a ser o homem de mim. Para ser homem de mim, aprendi que amanhã este aprendizado desaparece, porém, aprendi que no desaparecimento eu saberei parir-me em outro.
Para ser grande, sê inteiro, me disse o pessoa. Acho que sou grande. Tenho certeza que estou inteiro, aqui, agora, no instante fugaz.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Do Blog do Antonio Cicero


Dilema

O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imerso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.



De: CICERO, Antonio. Guardar. Rio de Janeiro: Record, 1996 / Póvoa do Varzim: Quasi, 2002.

Do Amor ou o sopro da Moska na Lana que soprou em mim



O Paulinho Moska disse pra lana que me disse e agora acho que vou decorar para andar dizendo por aí...
Útil, bem útil...Conveniente, eu diria



Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?
Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.
A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.
O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.
O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Do amor, suas ausências, chegadas, partidas e representações



Amor. Esta talvez seja uma das mais citadas, pronunciadas, sonhadas e representadas palavras de todos os tempos. Em todas as línguas, nas mais diversas linguagens. Diferentes imagens, Poesia, Prosa, Verso, música, figurado, abstraído, TV, cinema. Sentimento, invenção cultural- não sei. No Brasil, na MPB, ou se ama, ou se amou. Exalta-se a chegada do amor ou lamenta-se a sua partida. Difícil não amar neste país... Afinal “as suas mãos no pescoço/ as suas costas macias/ por tanto tempo rondaram/ as minhas noites vazias” (...). E tente-se dormir sozinho com um “barulho” destes.
A representação do amor, do amar, do ser amado. O morrer de amor, o viver dele, nele, por ele. Amar às vezes é quase uma imposição pra vida, afinal “é impossível ser feliz sozinho”. Amor e dimensões várias. Amar o outro, a si, às coisas, os feitos. Amar “é”, amor está e faz a maioria das pautas dos bares, dos palcos, das telas, da vida. “Pô amar é importante” e os domingos sem ele, ela, eles, elas, são um castigo. Amamos como nos filmes, nos filmes amam como nós.
Os atores, como eu, amam em cena, na vida e, ainda, criam representações do amar, reforçam algumas e às vezes, enquanto amam verdadeiramente, também conseguem assistir a si e sua representação do amor e quando voltam à cena amam na verdade-mentira-acordo da encenação assim como na vida vivida e dita real.
Em mim, ator, não amar e nem encenar o amor é insuportável. Vi “Romance”, o filme. Teatro, Amor, ausências, chegadas, partidas e representações. Vim escrever porque precisava de alguma representação, assim como os protagonistas e, por não estar no palco e nem amando, escolhi a tela, o teclado.
Há claro, uma pontinha de receio. Receio de ser lido, de ser descoberto sem amor. De ter atentado quanto à exigência de amar. Nem ao menos tenho certeza se esse escrito cheio de rodeios vai ser publicado. Talvez ele seja muito de mim para ir para aquelas escritas. Talvez, exatamente por isso, deva estar lá. Não sei. Talvez ele seja só, como diria Clarice: “ Um grito de ave de rapina irisada e intranqüila”. Talvez essa venha a ser uma representação guardada em segredo, como os amores impossíveis e secretos.
Quem sabe não está aqui o início de um espetáculo que virá e que vai colaborar com a dança infinda das representações do amor. Quem sabe aqui esteja o início de um amor. Eu não sei. Sei que ouço Omara e Bethania. Sei que é domingo, que vi “Romance”, que estou pensando em teatro, que estou pensando no amor, que estou pensando no amar.

sábado, 30 de maio de 2009

Eu, Nós...


Maio...Como correu!!!
Nos últimos dias deu pra ser cheio de mudanças, bons ganhos, percepções alertas...
Não fugi daqui, aliás não ando de fugas... Atualmente às unicas que aparecem são as fugas pra mim... Boas fugas, boas escapadas... Muitas reticências...
Este meu primeiro texto na máquina nova, vem cheio de novas coisas, como ela...
Novas coisas velhas, talvez... Mas cheias de ineditismos e de por vires!!!
Tô olhando ainda, processando...Tô vivendo
Me purificando, como propunha o espetáculo da terreira da tribo, lá no largo de domingo... Uma purificação daquelas do espetáculo-O Amargo Santo da Purificação- mas este "santo" tem me aparecido por aqui mais agridoce...Nã menos enfático, não menos cheio de espasmos, não menos arrebatador...
Tenho andado sozinho e com uma multidão de mim... Estamos todos aprendendo a conversar mais, nos entender mais... Estamos entendendo e identificando nossos limites, nossas estratégias de ação...
Como um animal à espreita, estamos, eu e meus eus, olhando pra tudo, entrando quando preciso, necessário, ou quando o desejo chega, voluntarioso...
E em Maio estivemos plantando junhos, julhos, agostos...
Estamos atentos, fortes, mais vivos do que nunca e estamos todos bem!!!Em silêncio, mas em concerto triunfante de construção.

sábado, 9 de maio de 2009

Do silêncio e os benefícios do estar acompanhado de si


Sutilmente eu fui dizendo não. Delicadamente, como mandam meus códigos, eu fui dizendo "psiu".E, tudo ficou quieto, tudo silenciou. Um silêncio não daqueles representados de maneira lugar comum. Não,não era um silêncio de preto e sofrimento.
Um silêncio cheio de falas: as minhas.
Um tempo meu, pra entender meus lugares, um silêncio de taças solitárias de vinho, leituras, escritas, filmes, horas dormidas.
Um silêncio repleto do ruído de estar em mim. Um silêncio feito do ser dono do seu tempo, da sua vida, dos seus passos, do seu nariz. Um silêncio de ir na casa da amiga, cumprir pequenas tarefas profissionais de fim de semana, voltar para a casa e continuar o silêncio que não se interrompeu nas outras atividades.
É que meu silêncio foi do não ao sim. Do sim, às minhas coisas. Do sim às minhas vontades.
Do sim de inventariar os pensamentos secretos, sutis, silenciosos.Um sim de rastrear desejos.
Foi bom. Está bom. Tomar as rédéas é oxigênio necessário. Descobri que o "não" é necessário. Que ele não é antítese do sim. Que ele é complemento, usina para "sims" cheios de vontade, alegria e sorrisos nos lábios regados a saudades de dias sem estar junto.
Uma parada geral é sempre um ato de presunção. Acho que sim, é, em um mundo que se embota de barulhos, sons dispersos, imagens mil, telas iluminadas, páginas saturadas. Dizer não, estar-se só ou em estado de silêncio é, se estar bem de mansinho, bem pianinho, dizendo "Este mundo é meu e eu ordeno seu tempo". Pelo menos este mundo, pelo menos o meu mundo. Outro dia eu estava vendo uma série americana bem famosa:SEX and the City (aos intelectualóides de plantão, um aviso: Ver séries americanas não faz do indivíduo alguém mais burro, ou fútil, ou qualquer uma destas determianções vazias). Na série, a protagonista Carrie, sentada em um café em Manhatan, de óculos escuros e olhando para o movimento das ruas depois de muitas tentativas de estar acompanhada pensa algo como:"Eu aqui , neste café, sozinha, exercitando o meu estar comigo, exercitando ser alguém solteiro na cidade, exercício do ser sozinho sem crises, apenas ser e estar". Essa cena não me saiu da cabeça durante a semana. Acho que ela antecipava, sugestionava, ou alertava. As vezes estar sozinho é tudo que se precisa para poder estar mais tarde, em outro dia, outro tempo, outra hora: acompanhado. Sejam amigos, amores ou eu mesmo.

domingo, 3 de maio de 2009

Sobre o não


Como se diz "não" sem perder a delicadeza?
Há um personagem de Brecht, no texto "Um Homem é Um Homem", chamado Galy Gay. Ele não sabe dizer não, e coisas das mais terríveis sucedem a ele que não sabe dizer basta! O que acontece a ele? Se perde, se fragmenta, se desconecta.
Como se consegue dizer "chega para lá" mas acompanhado de "só um pouquinho"?
Preciso aprender estas "artes".
O feriado-fim-de-semana trouxe este tema para pauta da hora.
O que é entrar em embate? O que é somente dizer das vontades?
Como se faz sem perder o doce, o delicado, sem deixar de ser lugar bom.
Mas ao mesmo tempo: Quanto custa ser doce o tempo inteiro? O quanto isso tem de covardia? O quanto?
Colocar a vida na mão do outro? Acho que não. Não combinaria comigo!
Perder os medos mas sem achar que palavras podem ser pronunciadas o tempo todo na hora em que a vontade habita.
Nem tão lá, nem tão cá...
Enfim entender como se faz para não se endurecer e saber, a hora, o tom e a cor do dizer não.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sempre a Clarice a me trazer pra mim


"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."
Um sopro de vida

Ela que sempre fala de mim, ela onde sempre me busco, ela que me faz sempre prenhe em descobertas.
Eu tenho em mim coisas não ditas, coisas segredadas e quando me percebo ela já sabia, ela já tinha me dito.
A clarice é escrita de mim. Neste tempo de esperas, em movimento, ela é um porto.
Tenho falado através dela, me encontrado mais uma vez no surrado exemplar de água viva.
Talvez por isso agora que me vem a vontade de escrever eu a use como motivo, partida, tema.
Ando como sempre Clarice, ando Lispector. Ando sopro de vida.
Ando olhando, tentado entender um substrato nas coisas, um sentido novo e lógico, impermanente.
A casa em desalinho, ninho, recebeu amigos de tantos tempos e horas.
Nas conversas me veio também Lucinda. Lucinda e o tempo em que amigos eram isso! Encontros, conversas, certeza de eternidade. Lucindamente um tempo onde ninguém partia, morria, sumia.
Ando leituras e encontros e ecos de mim. Um silêncio delicado, um distanciamento que desvela, revela.
Ando. Andando analiso minhas marcas, meus registros,as estradas que vejo e as que desejo ver. Num tempo de não sei, encontro nas palavras de outros as minhas tentando dar sentido ao vivido. Vida que sopra

domingo, 12 de abril de 2009

Clarice pra começar a semana


"Ele era triste e alto. Jamais falava comigo que não desse a entender que seu maior defeito consistia na sua tendência para a destruição. E por isso, dizia, alisando os cabelos negros como quem alisa o pêlo macio e quente de um gatinho, por isso é que sua vida se resumia num monte de cacos: uns brilhantes, outros baços, uns alegres, outros como um "pedaço de hora perdida", sem significação, uns vermelhos e completos, outros brancos, mas já espedaçados.
Eu, na verdade, não sabia o que retrucar e lamentava não ter um gesto de reserva, como o seu de alisar o cabelo, para sair da confusão. No entanto, para quem leu um pouco e pensou bastante nas noites de insônia, é relativamente fácil dizer qualquer coisa que pareça profunda. Eu lhe respondia que mesmo destruindo ele construía: pelos menos esse monte de cacos para onde olhar e de que falar. Perfeitamente absurdo. Ele, sem dúvida, também o achava, porque não respondia. Ficava muito triste, a olhar para o chão e a alisar seu gatinho morno."
____________________
LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ensolarado


A vida é um vai e vem sem fim, mesmo!
Lugar comum em boca vulgar, este tipo de afirmação, se confirma completamente às vezes!!!
Hoje por exemplo entre a sucessão de cinzas e nuvens surge um sol: grande, orgânicamente verdadeiro, banhando tudo. Banhando olhos, sorrisos, bocas e afogando reclamações ranzinzas.
Havia um sol hoje. Um sol que de claro e descontrolado estava saindo pelos poros-caminho contrário.
Havia um sol em mim hoje!!E eu me fiz bom dia!
Eu me dei comercial de margarina. Eu me vi feliz com o trabalho, com o movimento.Eu vi o movimento. E ele me trouxe sol, me fez sol. Ensolarado.Nem mesmo o negror da noite calou meu sol. E agora na noite da casa me sou inteiro um eclipse.

domingo, 5 de abril de 2009

VolVer ou Obrigado Poly


Volver. Fui ver e voltei...
A Poly me fez voltar...
Tanto tempo que não andava aqui...
2008 correu tanto que não sobraram momentos para estas escritasdemim.
Outras muitas: escritas de conclusão com o mestrado, escritas de inícios...
Agora que de novo tô precisando voltar em mim e que já percebo que outro parto surge(e não posso mais fugir) volto...
Volto com olhares novos, como sempre...São velhos os nascimentos de olhos mas novos sempre os olhares que deixo surgir...
Tô olhando pro próximo, olhando pra mim...Tô achando outros sons, tô música de câmara...
Percebi algumas serpentes no caminho mas aprendi a entender como elas aprendem a assustar. Mas sem querer ser uma delas extraio delas o conhecimento que podem trazer.
Coisas, coisas...
Mas eu quero agora um redemoinho de novo...
Quero territórios novos, fontes novas...
Preciso disso agora na usina de mim...
A morte me ronda...Um de mim vai morrer e eu vou mata-lo...
Vejo, sinto, estou grávido de um outro eu...
Que venha...Que surja, que nasça...
Mas pode demorar...Meus partos às vezes levam anos e me angustiam, desacomodam, desassossegam e às vezes, quando percebo: Já me nasci e nem percebi de tão preparado que estava pra esta nova chegada de mim...
Poly, tuas palavras me afetaram, me lembraram de potências que eu tinha esquecido...
Valioso lugar inesperado que fosses...Obrigado!