terça-feira, 13 de setembro de 2011
Escolhas, diferenças, coragem e potência
Pessoal,
Escrevi este texto para apresentação da exposição de meus alunos do curso de Artes Visuais, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.Aqui compartilho com vocês. A exposição começa nesta semana em Caxias do Sul.
Escolhas. Um recorte de muitas. Talvez esse seja o caminho mais próximo para quem quer acessar as propostas aqui apresentadas.
Uma exposição pode (geralmente deve) estar atrelada a um conceito. Um conceito que una diferentes trabalhos e lhes apresente a partir de um recorte. Aqui a semelhança se dá pela diferença. São heteróclitos, díspares e por isso, são tão possíveis juntos.
Um olhar mais atento vai perceber pequenas conversas que se estabelecem sutilmente entre suportes, materiais e ainda, opiniões, leituras e caminhos em relação à arte e suas possibilidades.
Aqui há certamente elementos que dialogaram com a tradição mas que sabem (ou pelo menos estão vindo a saber) da ruptura. Há citações: artistas consagrados da história da arte que se deixam entrever como no caso da penumbra de onde emerge a mulher sozinha que se põe a ler ao mesmo tempo em que mostra uma dívida com um encontro (talvez breve) com a “A Leitora” de Fragonnard. Em outro caso há a tradicional prática do desenho que, por aqui, se permitiu dialogar com a fotografia e propor enquadramentos que selecionam do todo o fragmento que fisga o olho do criador.Não se pode deixar de ver a contemporaneidade, em seu campo aberto de possibilidades, colocada na diversidade de hibridismos entre materiais Coisas de artistas em formação que aceitam o desafio de se deixar mostrar no instante do seu íntimo movimento de construção.
São todos e todas alunos e alunas de uma instituição superior de ensino da arte, que dedicam sua cotidianidade a pensar e refletir acerca das questões que envolvem essa coisa tão grande e que, não raro, é chamada de mundo da arte. Aqui, eles expõem alguns dos diversos modos que encontraram de experienciar conceitos, idéias e maneiras de ver, pensar e fazer. Aqui, sem dúvida, estão plasmadas algumas das suas noite insones, alguns dos seus anseios diários, alguma das suas tentativas. Longe de mim querer determinar como se deve olhar para estes trabalhos. O Olho do público é individual e subjetivo. Mas, talvez, uma pista possa residir na possibilidade de olha-los como quem olha para uma panela na feitura de uma receita, para um músculo de atleta que se contrai antes do salto, para o ator que enche de tensão a coxia: Tudo está ali, mas ainda é potência, está por vir. Nada é estanque, nada está acabado. Tudo é possibilidade, experimento, potência, movimento, devir.
Igor Simões
Mestre em Educação
Prof. Assistente História da Arte na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
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